data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Arquivo/Diário)
Mauro Hoffmann em um casamento, em Santa Maria, no ano de 2015
A quatro dias para o começo do júri do caso Kiss, os quatro réus do processo adotam diferentes medidas diante da exposição. A reportagem do Diário tentou contato com as defesas de Elissandro Spohr (o Kiko), Mauro Hoffmann, sócios da boate, e Marcelo de Jesus e Luciano Bonilha Leão, integrante e roadie da banda Gurizada Fandangueira, que tocava na Kiss na madrugada do incêndio.
Entre os quatro réus, Mauro Hoffmann é o mais recluso. Fontes do Diário afirmaram que ele estaria morando em Santa Catarina. A informação não foi confirmada pela defesa. Na época do incêndio, ele tinha 47 anos.
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Na entrevista, os advogados Bruno Seligman de Menezes e Mário Cipriani afirmam que não podem falar sobre a vida pessoal do cliente, e isso é um acordo com o próprio réu. Os dois demonstram destreza ao falar sobre o processo e o posicionamento da defesa. O entrosamento contribui para que as falas dos dois fluam e um complete o outro em sequência.
- Nós, como advogados, não temos autorização para falar situações que já estão informadas nos autos. Estamos abertos a falar qualquer situação que se refere ao processo. São situações que não são agradáveis - diz Cipriani.
Tão logo o colega encerrou a fala, Seligman emendou o porquê disso:
- Ele é uma pessoa conhecida na cidade. Desde que o episódio aconteceu, ele se resguardou, passou a conviver no núcleo familiar e não aparecer. Tanto que ele foi o único dos réus que nunca deu entrevista, nunca fez questão de dar sua versão.
O compromisso do réu com a Justiça é reforçado pelos advogados. A presença dele no júri também foi reiterada.
- Sempre que chamado no Poder Judiciário, ele esteve presente. Estará no dia de abertura da sessão plenária. E falará aos jurados e presentes. Vai dar suas alegações, que são necessárias. E terá sua fala explicada ao mundo todo - diz Cipriani.
Questionados sobre como Mauro acompanha o processo e se lê comentários sobre o caso em redes sociais, Cipriani voltou a repetir que não tem conhecimento sobre as atividades pessoais do cliente. Seligman, contudo, garante que Mauro não é alheio aos trâmites.
- Ele acompanha o andamento do processo. Ele sabe tudo que acontece no processo, estuda, participa e discute os rumos da defesa - fala.
Cipriani, então, completa:
- Aquilo que é divulgado em redes sociais sobre o processo, nós também acompanhamos. E sempre estamos em constante diálogo.
Seligman retoma outra vez à questão de não divulgar informações do cliente.
- Não tratamos questões pessoais com ele. Tratamos questões relacionadas ao processo.
A responsabilidade do incêndio é colocada como resultado de uma "sucessão de fatores" pela defesa. Outro argumento é que nem todos os que deveriam estão no banco dos réus.
- Evidentemente que tem responsabilidades de quem acende um equipamento desses, tem responsabilidade eventualmente os rumos que foram tomados ao longo de todos os anos. O poder público tem responsabilidade muito forte. O que nos lamenta muito é não vemos os demais envolvidos respondendo por isso. Há pessoas que foram preservadas. Digo mais: blindadas - defende Seligman.
O papel de Mauro como investidor da Kiss é relembrado por Cipriani. O advogado reitera que tudo deve se resolver no plenário do júri.
- O Mauro nunca fugiu das responsabilidades. Ele se apresentou na delegacia, mesmo sabendo que já existia um mandado de prisão. Não evitou essa circunstância, deu a declaração, que é verdadeira. A responsabilidade do Mauro está restrita a ser um investidor. Se isso o coloca na situação de acusado, infelizmente, o que entendemos que é indevido, será mais uma vez provado e comprovado no plenário. E isso foi também soberanamente dito por inúmeras testemunhas e pelo próprio Kiko. Ele sente muito, compreende toda a situação e se solidariza, pede perdão. É um acidente de grandes proporções, cujos responsáveis são vários, e talvez os maiores não estejam respondendo neste caso - defende Cipriani.
Ao falar sobre as outras defesas dos réus do caso, Cipriani retoma a brevidade para dizer que cabe a cada uma cuidar das próprias alegações. Segundo ele, os representantes se resguardam em fazer a defesa de Mauro. Seligman ainda completa para falar sobre o dolo da acusação.
- Me parece bastante claro, nesses quase nove anos, que nenhum deles tenha previsto o resultado e aderido à realização disso, de que o dolo eventual consiste. Não nos parece que nenhum deles tenha assumido o risco de produção dessa tragédia - finaliza o advogado.